Stefani foi dormir com a cabeça cheia. As Palavras de Laura a deixaram com medo. No que dizia respeito a ela, estava tudo bem, pois ela sabia que provavelmente as palavras eram sobre Ricardo. Mas as coisas que ela tinha ouvido sobre o avô e Pâmela, estas sim estavam incomodando.
Stefani teve problemas para se livrar das cobertas. Ela havia se mexido tanto durante a noite que a estática gerada tornava impossível ela se descobrir sozinha.
Ela foi até o quarto onde o avô e Pâmela estavam dormindo, mas depois de várias batidas na porta, ninguém saiu.
Ela foi até a cozinha ainda enrolada no cobertor. Leidiane e Laura, que foram as primeiras a ver a chegada da garota na cozinha, caíram no riso. Pâmela ficou constrangida e deu bronca em Stefani:
- Que maluquice é essa? Você é visita!
- Alguém pode tirar a coberta de mim? Ela não desgruda! - Reclamou Stefani pedindo ajuda.
Mas como ninguém havia entendido, a garota explicou os problemas com a toalha.
Laura foi até o armário sob a pia, pegou uma luva de borracha, a vestiu, agarrou a coberta e puxou.
O barulho fez o caseiro, que era o pai de Laura, entrar desesperado, perguntando se algo tinha acontecido. Ver Stefani caída, tremendo e gemendo, não ajudou em nada.
O homem colocou Stefani no colo, mas Laura segurou em seu ombro dizendo:
- Pai, vai com calma. Ela tá parcialmente bem. Depois que ela dominar os poderes isso não vai mais acontecer.
- Outra vez essas coisas? Ser normal aqui tá virando anormal. - Falou o homem revirando os olhos.
Depois que comeram, Leidiane disse que teria que terminar os trabalhos e assim que possível se juntaria às garotas. Augusto ficou meio confuso e Laura, percebendo, explicou:
- Senhor, só Pâmela vai com a gente. Isso pode ser constrangedor, então o senhor fica.
- Mas nem fodendo! Não sei o que vai rolar nesse treinamento e não vou deixar minhas duas garotas sozinhas! - Gritou Augusto levantando os punhos.
Laura disse que só permitiria se Stefani autorizasse, pois era possível que ela ficasse nua no processo.
Stefani não deixou e o avô retrucou:
- Que merda de frescura é essa? Eu já troquei sua fralda, limpei sua bunda, qual a diferença?
- Eu era um bebê! - Respondeu Stefani ficando vermelha.
- E daí, seu corpo não mudou nada! - Falou Augusto.
Stefani ficou mais vermelha, mas também ficou triste. Pâmela, percebendo, agarrou a orelha do namorado e falou irritada:
- Nunca se deve dizer algo do tipo para uma garota… E você vai ficar, ou eu vou começar a ir assistir os jogos no campo com você!
Augusto não gostava quando ela ia até o campo. Foi obrigado a permitir.
Então, por volta das nove e trinta, as três se dirigiram para um lugar afastado. Pamela trajava roupas de moletom, Laura e Stefani estavam de shorts curtos e camisas regata. A garota estava tremendo, mas Laura disse que seria melhor para sentir o ambiente. Stefani não teve argumentos para ir contra, afinal, ela mal sabia o que estava acontecendo.
Depois de 20 minutos de caminhada, elas chegaram ao pé de uma pequena elevação rochosa, que tinha uma pequena clareira e uma espécie de riacho dentro de uma caverna.
Laura levou Stefani pra o meio da clareira e começou a explicar:
- As outras três adquiriram compreensão sobre os poderes, sendo super expostas a eles. Leidi, por exemplo, ateou fogo no próprio corpo. Jessica pulou de um balão sem paraquedas e a nossa bonequinha se amarrou debaixo da água sem ter como sair para respirar. Mas apenas Leidi teve sucesso logo na primeira.
- Mas eu não tô vendo nenhum fio de alta tensão aqui. - Questionou Stefani.
- Sim, mas você não vai treinar da mesma forma. Apesar da minha insistência, não recebi autorização. Então vou apenas te ajudar a não disparar um raio por acidente e controlar sua transformação. - Falou Laura, um tanto decepcionada.
Pâmela decidiu ficar calada, pois, ela não tinha uma opinião bem formada sobre aquilo.
Laura pediu para que Stefani fechasse os olhos e tentasse buscar dentro dela a roupa que ela estava usando quando mudou pela primeira vez.
A garota se sentiu aliviada por que o avô não estava ali, já que, se ela conseguisse, ficaria com a bunda de fora.
Então ela começou a respirar profundamente, tentando sentir a camisola dentro do corpo. Mas ao invés disso, acabou sentindo como os pulsos elétricos iam pelos nervos até o cérebro, e como eles faziam o caminho inverso. Não era uma percepção perfeita, mas ela podia sentir os fluxos opostos como se fossem duas correntes de água que andavam juntas mas cada uma para um lado.