Leidiane deu a Stefani um maiô, para dar mais liberdade nos movimentos e prevenir constrangimentos desnecessários.
A garota passou o resto do dia treinando, das maneiras mais absurdas.
Primeiro, Laura fez cócegas nos pés de Stefani. Segundo a treinadora, isso era para evitar disparos acidentais causados por espasmos musculares.
Ainda segundo Laura, o ideal seria ela cheirar pimenta mas, com as narinas tapadas, era algo impossível.
Stefani parecia estar controlando muito bem. Era muito difícil perceber as faíscas ou outras reações magnéticas que ela causava.
Depois Laura obrigou Stefani a beber dois litros de água, mas não contou o motivo.
Logo após, a treinadora fez Stefani manter um ventilador ligado. Em seguida, absorver a carga de uma pilha e uma bateria de celular.
Stefani começou a sentir vontade de urinar, mas Laura não permitiu que ela fosse ao banheiro e seguiu dando tarefas leves, já que Jessica parecia uma coruja observando.
Quando Laura percebeu que Stefani não podia mais segurar, chamou a garota para trás de uma cerca e pediu para Stefani urinar ali.
A garota ficou constrangida, mas Laura exigiu que ela fizesse na frente dela.
Com alguma dificuldade para se soltar, Stefani conseguiu se aliviar e Laura falou:
- Achei que segurar a urina, podia causar problemas… Mas me enganei.
- Claro que se enganou! Desde que eu comi aquela merda eu tô indo no banheiro sem problemas! – Respondeu Stefani irritada.
Laura reuniu todos e explicou que, sem poder forçar um pouco mais Stefani, não podia fazer mais nada.
Jessica, que ficou observando tudo de longe, achou que era o suficiente, mas sugeriu que Stefani ficasse ali durante a semana. Afinal, ela estava de licença por causa do nariz.
Otávio disse que era melhor ela ir para casa, pois só na vida real saberiam dos problemas que poderiam ter.
Laura ficou apreensiva mas não teve como fazer muita coisa quando Jessica e Leidiane convenceram Tatiane que era a melhor escolha.
Vagner, Tiago e Mario se prontificaram a ficar de olho e tentar abafar qualquer problema. Afinal, trabalhando na polícia era mais fácil saber dos problemas que poderiam ser complicações.
Jessica também iria ficar de olho, afinal, ela morava bem próximo de Stefani.
Tatiane iria ajudar Leidiane na organização de uma nova loja e não poderia estar tão presente.
Stefani pôde aproveitar a chácara, logo após terem almoçado. Mas o máximo que ela fez foi tomar um pouco de sol do pescoço para baixo, já que Jessica tinha medo de deixar a garota parada virada para o sol.
No fim da tarde todos, exceto Laura e o pai, saíram da chácara e voltaram para a cidade onde moravam.
Com toda a confusão, Stefani havia esquecido do celular, que estava totalmente descarregado.
Enquanto ela tomava um banho, deixou o aparelho carregando no quarto.
Enquanto se enxugava, reparou que estava conseguindo evitar a estática, o que deixou a garota contente. Não era muito, mas não ficar enrolada em panos já era o suficiente.
Quando ela chegou no quarto, viu o celular aceso, chamando. Na tela aparecia a foto e o nome de Ricardo:
- Oi Ricardo! Tudo bem? – Falou a garota após atender a chamada.
- Caramba Stefani! Você sumiu! Tá tudo bem? – Falou o rapaz aliviado.
- Eu estava me escondendo, foi recomendação. – Explicou a garota mentindo.
Tiago havia explicado que as câmeras do hospital registraram o momento em que Leidiane e Tatiane saíram do quarto onde Stefani estava. E essa devia ser a desculpa que ela devia usar:
- Nossa, que bom que vocês conheciam a esposa de um policial. O cara foi esperto. – Falou o rapaz.
- Quanto tempo de suspensão a Viviane pegou? – Perguntou Stefani, desconversando.
- Uma semana… A diretora não tá nada feliz. Quase que ela foi expulsa. – Explicou o rapaz bravo.
- Escuta, eu perdi matéria na sexta? – Questionou a garota.
- Não teve aula. Todo mundo ficou com medo de ir para a escola. – Contou o rapaz.
- Ah tá. Melhor assim. Você tira umas fotos do seu caderno pra mim, essa semana? – Pediu a garota, alegremente.
- Não. Prefiro te levar pessoalmente aí para você. Eu quero te ver. – Falou Ricardo com a respiração ofegante.
Stefani gaguejou bastante, mas disse que tudo bem e que ficaria esperando.
Stefani contou para a mãe, que riu e pediu para ela deixar a porta do quarto aberta quando o Ricardo chegasse.
A garota demorou para dormir, pensando se realmente era isso. O rapaz viria e poderia até se declarar. E aí, o que ela faria?
A manhã da segunda passou arrastada e demoradamente. A garota aproveitou para colocar os deveres que já tinha em ordem.
Por volta das 14 horas, Stefani ouviu a campainha, ouviu a voz de Ricardo, ouviu a mãe dizer algo para o rapaz e depois gritar para Stefani que ele estava subindo.
A garota estava suando e com o coração acelerado. Quando Ricardo entrou, isso só piorou. O rapaz trazia um buquê de rosas vermelhas e uma caixa de bombons.
Ricardo viu a cara de Stefani e falou:
- Você sabe que eu sou tímido. Eu podia não ter tido a chance. Você podia ter morrido, e aí? Você até pode não sentir o mesmo, mas eu vou falar. Quero ser mais que seu amigo!
A última frase atingiu Stefani como um tiro. Ela ficou vermelha e abriu um largo sorriso. Ela se aproximou do rapaz, pegou os presentes e agradeceu, totalmente sem jeito.
Ricardo falou que ela não precisava responder naquele momento, que eles podiam ir para os deveres e falar disso quando ela quisesse, pois a parte dele ele já tinha feito.
Stefani colocou os presentes na escrivaninha e falou:
- Não dá pra deixar pra depois. É impossível! Vamos resolver agora!
Ela pulou de encontro a Ricardo, que a abraçou. Os dois se beijaram, profunda mas não longamente, pois os tampões no nariz impediam que ela respirasse por eles.