Jessica aterrissou no teto da boate. Apesar da escuridão, era possível ver que o local era uma sujeira. Stefani suspirou deprimida e a companheira a questionou o porquê:
- A vida de heroína não tem glamour algum… Até agora a gente passou por presídio cheirando a urina, terra e cocô de pombo. – Explicou a garota.
- Cada um tem aquilo que merece. – Falou Wind.
- Nossa base é uma chácara e a gente transporta pessoas em uma lata de lixo! – Exclamou Stefani sem aumentar o tom da voz.
- Fliperamas não são tão populares no Brasil. Mas vamos parar de lenga-lenga, me fala o que você sente dentro da construção.
Stefani se concentrou e começou a perceber o metal que ficava por dentro das paredes e espalhado pelas várias salas do local.
A sala maior, que certamente era onde ficava a pista de dança, tinha alguns canos de metal que iam do chão ao teto e outros canos metálicos que deveriam ser pernas de mesas, por causa da altura e posição. Fora frascos de drinks, talheres e pedaços menores de metal que não se assemelhavam a armas de fogo.
Quando ouviu a explicação de Faísca sobre o local, Wind sentiu falta de seguranças armados tentando fazer uma resistência e ficou preocupada. Era provável que os homens que guardavam o local já tivessem sido subjugados.
Stefani começou a descrever um segundo ambiente. Uma sala menor, com pouco metal, mas disposto de uma maneira bem particular. Barras de ferro iam do chão ao teto, mas estas estavam alinhadas de forma que cada par podia sustentar algo que criasse uma parede falsa. Eram dois pares desses pilares.
Stefani pareceu confusa, mas Jessica parecia não achar isso estranho.
Stefani foi descrevendo espaço por espaço, até que relatou a Jessica que caixas metálicas estavam sendo transportadas para o subterrâneo, mas que os homens armados não estavam acompanhando estas caixas. Eles estavam voltando para a frente da boate.
Isso era algo que soava estranho. Wind deu ordens para Faísca ficar no teto e desceu, procurando um policial qualquer.
Stefani escutou a conversa no comunicador. A polícia também achou estranho o fato da existência de um andar subterrâneo. Segundo a planta que tinham, só havia um andar.
Um outro policial se aproximou por trás de Wind, mas o soldado que analisava a planta junto dela pediu para que o colega não fizesse nada, pois se aquilo fosse verdade as coisas ali poderiam ser bem diferentes.
O policial que lia a planta contou que, se as informações de Faísca estivessem corretas, essa tal passagem para o subsolo ficava convenientemente próxima a um cofre.
O policial que iria algemar Wind falou desconfiado que, se isso fosse verdade, esse assalto poderia ser uma farsa.
Perguntaram a Wind se Faísca podia achar outra forma de entrar nesse local. Wind explicou que isso estava fora do alcance dela atualmente.
Faísca sugeriu que os policiais contassem para os assaltantes que já sabiam da passagem subterrânea e que também sabiam que o assalto era uma farsa.
Apesar de maluca, o comando da operação começou a cogitar a possibilidade.
Wind questionou os policiais se aquela operação poderia ser outra armadilha.
Os soldados responderam que não, que essa ocorrência era uma ocorrência real.
Então, sem aviso algum, Stefani deu um grito no comunicador, fazendo Jessica se assustar. Mas, antes que Wind subisse no teto, a garota falou:
- Tem um carro duas ruas à minha direita, que tá tocando uma música alta… Não dá para ter certeza, mas parece que tem caixas de metal nele.
- Você tá escutando a musica ou sentindo o ímã da caixa de som? – Questionou Jéssica.
- Sentindo o imã. – Respondeu Stefani.
Wind contou para a polícia. O comando da operação resolveu dar um voto de confiança as Supermulheres, enviando dez viaturas para o local.
Wind seguiu do alto, deixando Faísca no teto da boate, para o caso de algo dar errado.
Wind chegou primeiro e ficou voando, observando. Dois homens estavam levando pequenas maletas de ferro, que muitos bancos usavam para guardar dinheiro, colocando em um carro que tocava uma música alta.
As caixas não estavam sendo colocadas no porta-malas, pois este era ocupado pelo sistema de som. As caixas estavam sendo transportadas no assoalho e no banco da parte de trás do carro.
Quando os homens que carregavam as caixas perceberam a aproximação da polícia, entraram no carro e tentaram fugir; mas cinco das dez viaturas foram capazes de cercá-los.
Enquanto os dois suspeitos trocavam tiros com os policiais, outros soldados invadiram a casa de onde as maletas eram retiradas.
Wind usou seu novo golpe, Lâmina de Vento, e abriu o teto do carro dos suspeitos ao meio. Os homens se assustaram, se distraindo, e acabaram sendo baleados no braço, sendo presos em seguida.
Wind estourou uma das maletas, que revelou estar cheia de dinheiro.
Os policiais que invadiram a casa acabaram encontrando a passagem secreta que levava até a boate.
Quando os homens armados perceberam que os policiais estavam entrando na boate pelo subsolo, tentaram fugir pela porta da frente, obrigando a multidão a lhes dar proteção.
Stefani, que percebeu o movimento, se colocou de pé na beirada do teto. Quando os homens armados passaram por debaixo dela, ela usou seus poderes magnéticos para puxar as armas.
Eram cinco homens armados. Dois, que estavam com armas maiores, acabaram sendo puxados para cima. Faísca não teve forças para segurá-los e eles acabaram caindo, sendo pisoteados pelas pessoas que corriam.
Os outros três, que tinham armas menores, as deixaram escapar. As armas foram pegas por Faísca.
Quando os reféns perceberam que seus captores haviam perdido as armas, eles convocaram as pessoas ao redor, que agarram os assaltantes, começando a espancá-los.
Os cinco foram levados para o hospital municipal de São Nunca. Os pisoteados estavam com ferimentos extremamente graves. Os que haviam sido espancados estavam com ferimentos mais leves.
Vitório apareceu e deu os parabéns para o comandante da operação.
Faísca e Wind, que estavam no teto da boate, foram chamadas por ele, que as agradeceu pela ajuda e as cumprimentou, apertando suas mãos. Fazendo tudo isso como se não as conhecesse.
Os veículos de comunicação que estavam no local não perderam tempo e filmaram e fotografaram esse momento.
Wind não estava disposta a enfrentar a imprensa. Ela agarrou Faísca e ambas saíram voando dali.
Já em casa, ainda transformada, Stefani tomou um banho, para tirar resquícios da sujeira do teto da boate de seu corpo.
Ela voltou à forma civil, sem vestir o uniforme, deixando-o no banheiro para ser lavado. Ela só teria que lembrar de não se transformar em qualquer lugar, pois estaria nua.
Ela voltou para a cama e dormiu. Acordou por volta das dez da manhã.
Quando ela desceu para comer algo antes do almoço, o pai pegou a primeira página do jornal e mostrou para ela.
A manchete dizia “Supermulheres E Polícia, Pode Dar Certo?”, com a foto de Vitório apertando a mão de Faísca, enquanto Wind tinha as mãos na cintura.