Otávio podia ter esperado por qualquer coisa, menos por aquilo. Vitório praticamente tinha admitido a incapacidade da polícia e da justiça. Organizar uma campanha independente para pôr fim a um inimigo que a lei não podia alcançar parecia algo saído do roteiro de um filme de Hollywood.
Stefani havia ficado extremamente satisfeita em poder fazer algo. Porém, para Otávio, esta seria a primeira missão ofensiva. Até agora ele tinha ajudado no resgate das Supermulheres no presídio e na divulgação das provas.
Desobedecendo o pai, Stefani contou sobre a organização da ofensiva para Ricardo e Viviane.
O rapaz ficou empolgadíssimo, pois ele também queria se arriscar mais. O site foi algo essencial para colocar parte dos culpados em seus devidos lugares. Porém, ficar escondido atrás das máquinas deixava um gostinho de covardia na boca.
Viviane, por outro lado, ficou assustada. Para ela, participar de possíveis combates nunca foi uma possibilidade.
Viviane e Ricardo não tinham se espantado tanto quando ficaram sabendo das habilidades macabras dos bichinhos de pelúcia da Nunca + Brinquedos. Ricardo dizia que não valia a pena duvidar de mais nada. Viviane parecia concordar.
Toda a comunicação com o sargento aposentado era intermediada por Vitório. Para evitar problemas, ninguém mais tinha o contato do homem.
Tatiane não estava gostando disso. Ter um aliado com quem não podiam falar era algo que a incomodava.
Leidiane também estava preocupada. Porém, agora era melhor confiar, ou eles enlouqueceriam.
Jessica e Tiago, porém, estavam planejando uma alternativa para o caso de uma possível traição.
Longe de seu gatinho de pelúcia, Estela ia se recuperando rápido. Na terça durante a tarde, ela foi movida para um quarto, o que era um excelente sinal.
Marina foi até o hospital para passar a noite com a filha, pois o instinto materno a estava punindo por acontecimentos antigos.
Stefani alertou uma enfermeira para que impedisse que crianças ficassem com bichinhos de pelúcia no hospital. A mulher estranhou o alerta e Stefani disse apenas que era intuição feminina. A enfermeira riu e disse que ficaria de olho.
Durante a quarta, Estela foi demonstrando uma grande melhora mas ainda não seria liberada para voltar para casa.
Mario teve a ideia de praticarem tiro usando o paintball. Então, após as dezoito horas, Mario, Vagner, Tiago, Otávio e Augusto se reuniram em uma arena.
Stefani, Tatiane, Jessica e Pâmela foram para a casa de Leidiane para discutir estratégias que poderiam ser usadas em combate.
Laura ainda estava na chácara, esperando as aves trazerem mais informações sobre forças das trevas que pudessem estar agindo no estado.
Na quinta feira, Ricardo informou Stefani que ele e os pais também se juntariam à missão. Mesmo a mãe do rapaz não gostando, ele disse que ela achava justo ir para um confronto contra pessoas que estavam se valendo de pelúcias para fazer o mal.
Stefani informou o pai, que conversou com o pai de Ricardo. Então, naquela quinta a noite, Ricardo e os pais também se juntaram às sessões de paintball.
Na sexta, foi a vez da família de Viviane aderir ao combate e começar a praticar tiro no paintball.
A boa notícia do sábado foi a alta de Estela. A mulher chegou em casa por volta das duas da tarde. A felicidade de todos foi tão grande que Marina e Pâmela ficaram no local, sem que isso gerasse algum tipo de desconforto.
Stefani abraçou a mãe e começou a chorar, pedindo desculpas. Estela retribuiu o abraço e falou, também chorando:
- Calma, você foi enganada. Não é culpa sua. Vamos ver pelo lado bom, eu estou bem e você descobriu um plano horrível. Agora, todas vamos lutar juntas.
Stefani não entendeu a insinuação da mãe. Estela viu que precisava ser mais clara e explicou:
- Eu também vou pro combate com vocês. Não vou ficar aqui parada em algo eu posso ajudar.
Stefani não achou ruim. Ela sentiu uma grande segurança ao saber que teria os pais ao seu lado durante o combate.
No domingo, todos passaram o dia treinando na arena, inclusive as Mahou Tias.
Vitório ainda não tinha dado um sinal verde para a ofensiva. Segundo ele, o sargento ainda não tinha arranjado todo o equipamento que queria e o aumento no número dos combatentes só tinha dificultado essa tarefa.
Tatiane era uma das que mais estava incomodada com a demora. A cada nova divulgação de uma criança que havia morrido por causa de pneumonia, ou outra doença que aparentava ter as pelúcias envolvidas, ela ficava emocionalmente afetada a ponto de quebrar recipientes com água próximos de si.
Estela, que era mãe, tentava acalmar Tatiane argumentando que fazer algo sem o devido preparo só podia causar mais problemas já que, se eles fracassassem, a Nunca + Brinquedos jamais seria parada.
Porém, na segunda pela noite, durante o intervalo de uma novela, uma rede varejista que vendia para todo o país anunciou os bichinhos da Nunca + Brinquedos, em uma promoção na qual estariam com um desconto de 40%.
Todos que iriam participar da ofensiva tinham recebido um comunicador. Agora, através deles, discutiam se valia a pena invadir os depósitos da loja e destruir as pelúcias.
O pai de Ricardo disse que uma ação desse tipo agora poderia atrapalhar a missão, já que se alguma câmera de segurança capturasse a imagem das Mahou Tias a polícia seria obrigada a fazer qualquer coisa para pegá-las.
O pai de Viviane completou dizendo que àquela altura todas as lojas daquela rede já estavam com os bichinhos em seus próprios estoques e que eles jamais poderiam cobrir o pais inteiro em uma madrugada.
Tiago disse que o argumento dos dois era extremamente válido e completou dizendo:
- Eles têm seguro, então destruir as pelúcias não vai adiantar nada. E, se fizermos algo, ainda vamos alertar o pessoal da Nunca + Brinquedos de que já sabemos e eles vão se preparar para nos receber… Se é que vocês me entendem.
Em contrapartida, Tatiane argumentava que, se não fizessem nada, vidas seriam perdidas.
Estela falou que se agissem de forma precipitada isso jamais pararia e era possível que ninguém descobrisse sobre o poder maligno das pelúcias.
Ricardo, que adorava teorias da conspiração, falou:
- Gente, isso pode ser uma armadilha. E se eles já tão desconfiando que alguém sabe? Essa promoção pode ser um chamariz.
- É possível. Na propaganda diz claramente que a fabricante fez um acordo com a loja… Isso só complica as coisas. – Falou Vagner com um tom de tristeza na voz.
Todos continuavam argumentando. Como não chegavam em lugar algum, Leidiane propôs que votassem e que ninguém ficasse bravo com ninguém por causa do voto, pois a visão do que fazer era bastante individual e não existia uma escolha correta, todas poderiam ser ruins.
Todos aceitaram e, então, votaram.