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Mahou Tias 018 - O Pesadelo de Laura

17/06/2024
Por Danilo Sanches Ferrari

Laura desligou o telefone, triste com a reação de Stefani. Ela acreditava que a garota tinha entendido bem a situação, mas as duras palavras de Stefani mostravam o contrário.

Laura foi para o quarto, sentou na cama pegando um porta retratos com a foto da mãe, que ficava no baú da cama. Ela começou a chorar derramando gotas de lágrimas sobre o vidro que protegia a imagem:

- Mamãe, será que por isso é tão fácil aceitar a própria morte?

Laura acabou dormindo abraçada ao porta retratos. Sonhou um sonho feliz onde ela via Stefani de mãos dadas com um rapaz pouco mais alto que ela. À esquerda do rapaz havia a rua, à direita de Stefani havia lojas. Então, um tiro vindo da rua passou por dentro do crânio do rapaz, que soltou a mão de Stefani e caiu. Ela continuou andando sem perceber, escapando do projetil, que atingiu o peito de um homem que estava parado em uma vitrine.

Stefani se virou e viu o rapaz caído com sangue saindo pelos buracos na cabeça. Ela olhou para o outro lado da rua e viu um homem na garupa de uma moto, tentando esconder uma arma. Os cabelos da garota ficaram azul rosados e ela atirou um raio com as mãos em direção da moto.

O raio acertou o tanque de combustível que explodiu junto com a moto e os dois ocupantes.

As pessoas começaram a correr desesperadas. Dois homens se aproximaram de Stefani atirando e ela revidou atirando raios neles, que caíram mortos.

Stefani estava tão consumida pelo ódio que não percebeu quando outros dois homens saíram de dentro de uma das lojas, saltaram na direção dela e cravaram duas facas, uma em seu estômago e outra nas costas. Quando ela caiu os homens pegaram as armas dos mortos, encostaram os canos na cabeça de Stefani e começaram a disparar, fazendo sangue sair pelos buracos de entrada e saída das balas. Laura acordou assustada e ofegante.

Quando o pai de Laura entrou no quarto ela estava suada e chorando. Ele perguntou o que havia acontecido e ela respondeu:

- Lembra aquela minha visão sobre a Stefani? Eu vi o final.

O homem suspirou, meio desconfortável, e perguntou:

- Então, o que acontece depois que ela vê o rapaz morto?

- Ela enlouquece, mata os assassinos, mata dois homens e é morta. – Explicou Laura.

Seguindo o conselho do pai, Laura ligou para Leidiane e contou toda a visão. Leidiane ficou quieta, pensou e sugeriu:

- Eu acredito que é melhor, dessa vez, contar para a Stefani.

- Você ficou louca? Ela vai travar! Vai deixar de viver! – Reclamou Laura.

- Então é deixar acontecer… E arcar com as consequências. – Falou Leidiane.

Laura desligou o telefone e saiu para dar uma volta. Aquele dia estava se tornando horrível. Primeiro a bronca de Stefani, depois a visão e agora Leidi não tinha ideias melhores.

Laura montou seu cavalo, um belo animal de pelugem negra com uma faixa branca dividindo o focinho, e cavalgou até o riacho no local do primeiro dia de treino de Stefani. Ela se despiu ficando totalmente nua e, apesar de a temperatura não estar tão alta, entrou na água.

A água estava mais fria do que o ar, o que fez ela se arrepiar. Ela se sentou em uma pedra dentro da água e tentou relaxar.

Uma águia pousou em uma pedra próxima a Laura, e falou, sem mexer o bico, direto com o coração da mulher:

- Que tristeza é essa? Você é tão confiante. O que aconteceu?

- Tive uma visão sobre uma garota. Se eu não contar ela provavelmente vai morrer. Se eu contar, ela provavelmente vai parar de viver por conta própria. – Respondeu Laura, também falando direto com o coração da ave.

- É a garota que comeu a fruta dos raios? – Questionou a ave.

Laura respondeu afirmativamente. A águia continuou:

- Vocês humanos não sabem lidar com esse tipo de coisa. Ninguém pode controlar tudo e todos. – Disse a ave, raspando o bico na pedra.

- Eu não quero controlar, só quero proteger. – Falou Laura.

A águia ficou encarando Laura por alguns instantes. Como a mulher permaneceu calada, a ave voltou a falar:

- Por que você assumiu como verdade que você deve morrer? Você não pretende evitar algo com isso?

Laura se mexeu desconfortavelmente na pedra e se arrastou até a águia questionando:

- O que você quer dizer? Fiquei confusa.

- Hoje você não está em um de seus melhores dias. Só alguém que saiba se comunicar com o coração dos seres vivos em vida pode enfrentar os espíritos das sombras. Essa é você. Quais os ganhos que a morte da garota trará? – Questionou a águia.

Laura abaixou a cabeça dizendo “Nenhum…” de uma forma quase inaudível até para a ave, que passou o bico na testa de Laura.

Ela agradeceu a ave, saiu da água, pegou o celular e ligou para Leidi:

- Eu estava conversando com a minha conselheira espiritual. Ela me fez lembrar dos problemas que a morte de Stefani pode trazer.

- Eu gostaria de conversar com essa ave, somos bem parecidas. Disse Leidiane.

Laura riu e disse que iria contar a Stefani, mas que preferia fazer isso pessoalmente. Leidiane suspirou aliviada e falou:

- Podem pegar o carro. Vai ser bom pra vocês, já faz muito tempo que você e seu pai não saem do mato.

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