Ricardo demorou para ir para casa. Estela e Stefani não queriam deixar que ele fosse para casa sozinho. Mesmo com o pai de Laura se oferecendo para levar o rapaz, ele não pôde sair.
Só quando Otávio chegou que ele e o pai de Laura puderam levar Ricardo.
Otávio não ficou nada feliz ao ver o rapaz beijando a filha, mas Estela o cutucou nas costas e ele não falou nada.
Laura não ficou na casa de Stefani. Ela foi para a casa de Leidiane, pois precisava falar com a mulher.
O homem que havia sido morto se tornou assunto, pois era um policial que estava infiltrado entre os comerciantes, para tentar desmantelar um esquema de propina organizado por fiscais da prefeitura.
Depois do ocorrido no hospital, o mundo do crime havia ficado em silêncio, muito provavelmente com medo do poder das Supermulheres.
A ausência de crimes que chamassem a atenção tinha sido tão gritante que os programas policiais estavam tentando manter o publico com matérias sobre crimes não solucionados.
Mas a morte daquele policial pareceu ter colocado fim em um período de sonho.
Os jornais do dia seguinte traziam manchetes do tipo: “A Noite Vermelha”, “Bandidos Massacram Inocentes” e “Retaliação Às Supermulheres”.
Varias casas noturnas, bares, restaurantes, teatros e até os pronto-socorro de hospitais haviam sido invadidos por homens encapuzados portando metralhadoras. Eles atiraram em qualquer coisa que se mexia ou fazia barulho. Bebês, mulheres, idosos, garçons, atores, médicos e até recém falecidos foram alvejados.
Até as nove da manha, que foi o horário em que Estela ligou a TV, já eram contabilizadas 522 mortes só na cidade. Somado aos números das cidades vizinhas, já passavam das 700 mortes.
Estela subiu até o quarto da filha em completo desespero. Ela nem acordou Stefani adequadamente, agarrando a filha pelo braço e disparando palavras que não faziam o menor sentido para a garota.
Quando o cérebro de Stefani entendeu que estava acordado, começou a interpretar toda a informação que chegava dos alto falantes da TV.
A garota ficou horrorizada e buscou o celular para ligar para Laura, Leidiane, Tatiane ou Jessica. Mas nenhuma delas atendia.
O governador de São Paulo, Arlindo Osvaldino, havia decretado toque de recolher ao meio dia, proibindo que as pessoas saíssem de casa, do trabalho ou de onde quer que estivessem.
Os números só aumentavam. No momento do pronunciamento do governador, as mortes já passavam de 900.
A polícia e os criminosos estavam se confrontando, acrescentando bandidos e policiais a contagem de vitimas.
Stefani estava em seu quarto, sentada junto à escrivaninha, quando um pacote grande mas macio, vindo do céu, a atingiu na cabeça.
Ela abriu e encontrou um uniforme, semelhante ao que as outras Supermulheres usavam, porém com algumas diferenças. Não havia um pedaço de pano costurado no formato dos seios no maio, apenas um grande laço roxo com detalhes em dourado. A cor era igual a dos cabelos que ela tinha quando se transformava.
Stefani estava tão absorvida olhando para o uniforme que não percebeu um segundo pacote vindo em sua direção. Só que este pacote era mais pesado e derrubou a garota da cadeira.
O segundo embrulho trazia as botas que faltavam para completar o uniforme. Dentro de uma das botas havia uma espécie de um comunicador, dentro da outra havia um bilhete que dizia:
“Esse é o novo modelo do uniforme que estou fazendo. Você será a primeira a usar, apenas se seus pais deixarem. Para usar o comunicador, basta colocar no ouvido e apertar o botão que fica para fora. Seu codinome será Faísca.”
Stefani ficou pensativa mas fechou a cortina e chamou a mãe.
Quando Estela entrou no quarto, viu o uniforme sobre a cama e ficou calada por um longo tempo. Então, ela se virou para a filha, com lágrimas escorrendo dos olhos, agarrou os ombros da garota e falou:
- Você vai ficar linda. Só que eu te proíbo de voltar em um saco preto… Ouviu! Eu te proíbo!
Stefani havia entendido claramente. A mãe não queria que ela fosse, mas não havia outro jeito. Famílias estavam sendo destruídas.
A garota tirou a roupa que usava, e vestiu uma calça de moletom, uma camisa grossa, e uma blusa de capuz. Então ela se transformou, tirou o maiô que havia recebido de Leidiane, vestiu o uniforme, deu uma voltinha para a mãe, que ajeitou a saia e as mangas, e se afastou.
Stefani colocou o comunicador no ouvido direito e apertou o botão, começando a escutar uma conversa entre Leidi e Jessica:
- Eu tenho quase certeza que eles vão atrás do governador. – Falou Jessica.
- Wind, isso seria meio óbvio, eu acho que não é isso. – Falou Leidiane.
- A Faísca deu sinal de vida. – Falou Jessica.
- Eu sou a Jat, a amarela é Wind e a azul é Bolinha. – Falou Leidiane.
- Bolinha? – Questionou Stefani.
- Tenta falar Bolhinha rápido. Sempre sai Bolinha, então… – Falou Jessica.
Tatiane, já transformada colocou a cabeça para dentro da cortina e perguntou se Stefani estava pronta.
A garota abraçou a mãe e subiu na escrivaninha, se abraçando a Bolinha, que saiu saltando e voando para fora da casa.
Cara, que história legal. Eu imajino isso dramatisado em um áudio drama. Já pensou em fazer?
Meu sonho era fazer um audio drama, mas falta recurso financeiro para contratar dubladores. Não quero fazer isso na base do favor.