Jat e Wind estavam escondidas sobre uma árvore próxima ao presídio. Elas haviam escutado tudo o que tinha acontecido no galpão.
A movimentação em volta da penitenciária era intensa. Dezenas de viaturas, camburões, unidades de socorro e carros de emissoras de TV, além de uma grande quantidade de curiosos.
O espaço aéreo havia sido restringido apenas para a polícia, o que impedia que as emissoras de TV tivessem imagens do alto.
Mas as duas estavam realmente preocupadas com o que estava acontecendo por trás dos muros da prisão.
Apesar da grande quantidade de fumaça que saía da penitenciaria, Jat não sentia a presença de fogo ali dentro.
Já Wind sentia uma forte corrente de ar empurrar a tal fumaça para o pátio. O que não fazia muito sentido, já que a energia elétrica do local tinha sido cortada.
As percepções das duas não eram exatas pois, apesar de estarem próximas, isso queria dizer que estavam a mais de dois quilômetros do local.
Jat questionou Bolinha e Faísca sobre quando elas poderiam ir até o presidio.
Bolinha respondeu que elas estavam dando cobertura aos policiais e socorristas, e que demorariam.
Win não ficou nada feliz com a notícia, pois invadir uma prisão cheia de homens, que não viam mulheres com regularidade, apenas em duas, não parecia uma coisa muito sensata. Ainda mais, se fosse levado em consideração o fato de que o crime organizado parecia estar mais organizado do que nunca, aquela situação cheirava a armadilha.
Já passavam das 16 e 30 quando Faísca informou que Leidiane e Jessica podiam se juntar aos policiais próximos dos muros.
Elas ficaram desconfiadas, mas não viam outra forma de fazer alguma coisa.
Elas foram caminhando cautelosamente até a linha mais avançada de viaturas e homens da polícia militar, que se encontravam a cerca de 50 metros da entrada da penitenciaria. Um grupamento do batalhão de choque também estava ali.
Um dos comandantes, que era careca, aparentando mais de 50 anos, com uma pele branca e ressecada, se aproximou das Supermulheres, suspirou e falou:
- Não gosto de admitir, mas vocês sabem usar essas habilidades. Então, me digam o que sentem lá dentro.
Wind e Jat se entreolharam, e se concentraram para perceber melhor o que ocorria.
Ali, mais de perto, Jat confirmou o que já tinha percebido. Não havia um incêndio, o fogo era pequeno, usado para queimar algo que produzia muita fumaça.
Wind percebeu mais claramente a maneira como o ar se mexia e teve certeza de que ventiladores estavam sendo usados para jogar a fumaça para as saídas.
O comandante que estava com elas disse que era impossível ventiladores estarem sendo usados. A energia estava cortada e não havia geradores no prédio.
Wind questionou se não havia no-breaks no local.
O comandante deu um tapa na própria testa, pois havia se esquecido dessa possibilidade. Ele pegou o rádio e falou:
- Atenção, atenção. As supermulheres acabam de me informar que essa fumaça é química e que estão usando no-breaks para ligar ventiladores e nos distraírem. Mantenham a atenção em outras pistas de possíveis alvos.
As emissoras de TV não tinham percebido a chegada de Jat e Wind junto aos policiais, pois haviam sido distraídos com a informação de uma coletiva de imprensa falsa. Mas a mensagem de que as supermulheres estavam ajudando vazou e se espalhou rapidamente.
Então, alguns minutos depois, a rebelião estourou de vez. Os carcereiros e funcionários que haviam sido feitos de reféns começaram a ser executados e os vídeos iam caindo na internet.
As operadoras de telefonia celular foram obrigadas a mandar técnicos para desativar as antenas da região.
Jat e Wind queriam entrar no presídio, mas os comandantes queriam evitar um confronto. Eles temiam que um novo “Carandiru” acontecesse.
Nesse instante, Bolinha e Faísca chegaram, se juntando às parceiras e aos policiais comandantes da operação.
Policiais se colocaram na frente de todas as saídas da penitenciária, enquanto ativistas dos direitos humanos entravam para tentar negociar.
Acabou que todos os ativistas foram feitos reféns e executados.
Uma grande parte da população, que não apoiava os direitos humanos defenderem tanto os bandidos, pareceu ter ficado satisfeita, pois esperavam que agora eles aprendessem uma lição.
Já os favoráveis aos direitos humanos queriam que as supermulheres se entregassem.
Uma segunda leva de ativistas entrou para dialogar, mas teve o mesmo fim.
A discussão entre comandantes e representantes dos direitos humanos estava saindo de controle. Vendo que aquilo podia terminar mal, Faísca falou:
- E se nos quatro entrarmos lá? A gente tem condições de parar eles sem matar.
- Você que eletrocuta todo mundo?! – Questionou uma das ativistas.
- A ideia era apenas deixar inconsciente. – Respondeu Faísca.
A discussão se tornou mais acalorada. Agora comandantes e ativistas já trocavam ofensas e acusavam uns aos outros.
As supermulheres se encheram e resolverem entrar por conta própria.
Os ativistas pediam para os policiais pará-las, mas eles apenas ficaram observando.
Bolinha fez uma grande quantidade de água sair das mãos e entrar pelos portões atingindo os detentos. Faísca colocou uma mão no chão e foi eletrizando o lugar aos poucos.
Alguns dos prisioneiros começaram a cair, enquanto outros fugiam, pisando sobre os caídos que ficavam no caminho.
Jat usou suas chamas para destruir o portão. Wind fez uma forte rajada de vento derrubar os detentos que fugiam para dentro. Bolinha voltou a molhá-los e Faísca a eletrizar o chão.
Antes de avançarem, Faísca foi tirando barras de ferro e outras armas metálicas dos bandidos.
Homens do batalhão de choque tomaram a retaguarda das supermulheres e passaram a segui-las, dando alguns metros de distância para elas.
Elas foram repetindo a estratégia de molhar, eletrificar e derrubar com vento, usando o fogo apenas para destruir obstáculos, ou em detentos, quando era muito necessário.
Em um certo corredor, que tinha uma curva para a esquerda e outra para a direita, Bolinha podia sentir que haviam homens dos dois lados.
Wind fez com que o ar dos dois corredores fosse saindo, deixando-os sem oxigênio. Quando os homens começaram a cair, Bolinha molhou todos, mas Faísca não usou o raio no chão. Ela usou a habilidade de atrair e repelir o metal para tirar as armas dos prisioneiros.
Faísca foi com Jat para a direita, enquanto Wind e Bolinha foram para a esquerda.
Faísca foi nocauteando um após o outro com pequenas rajadas elétricas, enquanto Jat inutilizava as armas improvisadas.
Do outro lado, Bolinha e Wind iam sufocando os detentos e afastando as armas improvisadas.
A tropa de choque seguia dividida, acompanhando ambas as duplas.
Depois dessa separação, os corredores voltaram a se unir em um único, bem na entrada do corredor das celas.
O corredor onde as celas ficavam era estreito, escuro e cheirava a urina. Na outra ponta, onde ficava a saída para o pátio, estavam prisioneiros armados com pistolas e revólveres.
As supermulheres entraram e avançaram em direção deles. Faísca começou a afastar as balas, que vinham da frente, mas tinha dificuldades para afastar as que vinham das costas.
Leidiane começou a disparar bolas de fogo na direção dos soldados da tropa de choque, que se escondiam atrás de seus escudos, e revidavam quando possível.
Ficou evidente que os prisioneiros e os soldados não estavam atirando uns nos outros mas sim nas supermulheres.
Um dos presidiários gritou:
- Esse será o tumulo de vocês!
- Nunca mais vão se meter no caminho da polícia! – Gritou um dos homens da tropa de choque.