Otávio passou o domingo enfiado na internet, buscando formas de espalhar os dados que haviam recebido. Apesar dele não gostar da ideia, tudo indicava que teria que se valer da deep web para isso.
Estela gostava menos ainda da ideia, pois tudo o que ela sabia sobre a deep web é que era um local para contratar assassinos, espalhar vídeos de assassinatos e pornografia infantil.
O homem explicou que não era necessariamente isso. Ele mostrou um artigo da Wikipédia para a mulher, que não entendeu muito bem.
Ele explicou que seria como se a casa deles passasse a ter uma caixa postal não conhecida pelos Correios e que seria como se cada carta ou item enviado fosse picotado de uma forma matemática, que só a outra ponta poderia remontar.
Estela acabou entendendo, mas ainda assim não gostava da ideia.
Quando eles escutaram o áudio do presidente com o governador e a mulher desconhecida, Otávio parou de remexer os arquivos. Ele só retomaria esse trabalho depois de ajeitar tudo na deep web.
Stefani estava no quarto, torcendo e esmagando todo o tipo de latas e metais que tinha conseguido juntar.
Ela estava ficando realmente boa no controle de seu poder magnético. Isso era tão verdade que ela sabia exatamente onde estavam os pais no andar de baixo, pelo ferro presente no sangue deles.
Eles estavam preocupados, pois nenhuma das outras três mulheres mágicas havia entrado em contato.
Por volta das 16 horas, Ricardo foi até a casa de Stefani e cobrou explicações do porquê do sumiço. Stefani disse que foi visitar os pais da namorada do avô, e que o local ficava do lado do presídio onde havia acontecido a rebelião.
O rapaz ficou branco e falou:
- Caramba! Tá com um azar absurdo hem! Primeiro o hospital e agora isso… Sério, toma banho de sal grosso.
- Você não acredita nessas coisas. – Falou a garota.
- Não acreditava… Depois de ter sido salvo pela sua amiga, não vou duvidar mais de nada. – Falou o rapaz.
Ele acabou aceitando bem a história que Stefani havia contado.
Otávio apareceu na sala, onde os dois estavam conversando e questionou o rapaz:
- E aí Ricardo… sei que você tá afim da minha filha… Só um conselho, magoa ela e você morre. Eu não estou te ameaçando, é só um conselho.
Ricardo ficou meio confuso, mas Stefani havia entendido. O pai estava admitindo que já não tinha mais como protegê-la e que, com os poderes que ela tinha, ela era o real perigo.
Estela recebeu uma ligação de Pâmela dizendo que a mãe já estava fora de perigo, mas ainda estava na UTI por precaução.
Ainda no domingo, já às 20 horas, houve um pronunciamento oficial do presidente Vítor. Ele lamentou as mais de mil mortes e decretou luto e feriado nos próximos três dias.
As chacinas haviam parado completamente, fato que a imprensa não sabia explicar. A polícia parecia bastante confusa sobre o que ocorria.
Tatiane apareceu com o marido na casa de Stefani. Eles disseram rapidamente que o feriado era um mal sinal. Também contaram que Vitório já estava a par de quem eram os maridos das Supermulheres.
Otávio achou imprudente, mas Vagner disse que eles não se esconderiam, eles também se colocariam na linha de tiro.
Depois que Tatiane e Vagner foram embora, Otávio pegou o telefone e contratou um serviço de internet, à parte do que já tinham.
Estela questionou o porquê do gasto a mais e o homem respondeu que aquela conexão seria exclusiva para acessar a deep web, ele não iria colocar a rede doméstica da casa dele em risco.
Pouco antes de ir dormir, Stefani recebeu uma mensagem de voz de Viviane:
- Hahahihi…. Para, deixa eu falar… Para! Stefani, você não sabe o que apareceu aqui em casa… Para! Deixa eu falar depois você continua! Então, sério, apareceu um cachorro falante aqui, eu juro, é serio! Amanhã eu levo ele aí para você ver.
Stefani jurava que estava escutando a respiração de um cachorro de fundo e sentiu nojo do que Viviane poderia estar fazendo. O áudio tinha sido tão incômodo que ela demorou para digerir o termo “cachorro falante”. Quando ela digeriu, pegou o celular e ligou para a amiga, que atendeu com voz de sono:
- Porra… Quem é a essa hora?
- Você não pode falar sobre esse cachorro para ninguém! Ouviu! Ninguém!!! – Gritou Stefani.
- Porra, vai se foder Stefani! Gritando no meu ouvido a essa hora?! Você acha que eu sou burra! É claro que não posso contar para qualquer um! Até amanhã… Boa noite! – Gritou Viviane de volta desligando o telefone.
Stefani se transformou para pegar o comunicador e transmitiu a mensagem de Viviane para as companheiras.
Jessica riu falando:
- Ô mundo pequeno… Essa maluquinha aí é minha paciente também.
Laura, já mais séria, falou:
- Quando ela for aí, me avise. Eu tenho que ver isso.