O golpe recebido por Tibúrcio distraiu a todos, que agora tentavam se recuperar, pois estavam sendo atacados pelas plantas e suas garras.
Vitório cortava as plantas com lágrimas nos olhos. Ele imaginava que o pai não estava bem, porém quando olhou para trás e viu Estela e a mãe de Ricardo chorando enquanto ajeitavam as mãos de Tibúrcio sobre o peito, ele entendeu. Seu pai havia morrido.
O sangue de Vitório subiu e ele foi para cima das plantas com toda a raiva que sentia. As plantas o cortavam mas, anestesiado pela dor, ele as cortava e as matava.
Motivados pelo ímpeto de Vitório, o resto do grupo conseguiu retomar foco e, com a injeção de adrenalina que sofriam, por causa do real risco de vida, passaram a ser mais precisos em seus tiros.
O pai de Ricardo, cansado de errar tiros, também pegou um facão e foi para cima das plantas. Enquanto lutava, percebia que dessa forma havia mais chance de acerto.
Uma conta rápida dava conta de pouco mais de cem plantas abatidas.
Os que atiravam estavam começando a ter dificuldades para acertar os tiros, pois a distância entre eles e as plantas estava ficando muito grande. E um problema mais sério começou a surgir. As plantas que estavam longe começaram a disparar mais raios vermelhos, obrigando os atiradores e se desviarem após dispararem.
As plantas demoníacas demoravam de três a cinco segundos para carregar e disparar seus raios. Quanto mais tempo um raio demorava para ser disparado, mais forte ele era.
Além de atirar nos que estavam em terra, as plantas também atiravam nas Mahou Tias, que atacavam pelo ar.
Bolinha estava tendo dificuldades para se desviar segurando Faísca. Em certo momento ela não conseguiu se desviar tão bem e teve a lateral da saia destruída.
Vagner gritou para a esposa levar Faísca para o solo, mas não houve tempo. Bolinha foi atingida na lateral da coxa direita e, no reflexo, acabou soltando Faísca.
Antes que se arrebentasse no solo Faísca conseguiu voar, porém parecia um avião descontrolado. Subia, descia e virava para qualquer lado a esmo.
A coxa de Bolinha estava sangrando muito. O sangue que pingava sobre as plantas parecia agradá-las. Então Bolinha rasgou um pedaço da saia e amarrou na coxa, se afastando para ficar fora da mira das plantas até que terminasse.
Pâmela sentia que estava quase conseguindo controlar uma planta. Porém, como ela estava distraída e ninguém estava prestando a atenção nela, uma planta a atingiu com um raio, arremessando-a longe.
Augusto ouviu o grito dela e correu para ajudá-la. Ela estava viva, mas fora de combate, pois tinha sangramentos pelo corpo todo.
A mãe de Ricardo foi até ela para fazer curativos. Estela começou a entregar mais munição para os que precisavam, enquanto gritava para Viviane:
- Vai desencaixotando as dinamites!!!
Porém, Viviane permanecia ajoelhada com Fake a seu lado e o corpo de Tibúrcio a sua frente.
A cada tiro que dava, Vagner saltava e rolava no chão. Porém, em um dado momento, duas plantas próximas atiraram quase juntas. Ele se desviou bem do tiro da primeira, mas teve a ponta do pé esquerdo atingida pelo tiro da segunda.
Estela correu até ele para ver a situação e constatou que ele havia perdido o dedão e os dois dedos seguintes, além de estar com um grande sangramento:
- Cauteriza… Usa álcool e fogo! – Falou Vagner entre gemidos.
Ela voltou para perto de Viviane, pegou o que precisava e ordenou que Viviane se levantasse. Porém, esta ainda permanecia ajoelhada com uma expressão de derrota no rosto.
Estela ajudou Vagner a ir para uma área mais afastada. Após dar uma pano para ele morder, ateou fogo no pé do homem.
Todos ouviram os gritos abafados de Vagner, porém agora eles não se abateram. Começaram a avançar na direção das plantas.
O pai de Viviane sacou o facão se lançando contra a planta que estava mais próxima. Durante a aproximação, ele acabou sendo cortado no braço esquerdo. Em seguida ele abateu a planta que o cortou, mordeu a manga da farda falsa e rasgou-a, amarrando no ferimento que começava a sangrar.
Após mais alguns instantes de combate, o número de plantas abatidas passava das 250.
Após terminar de fazer um curativo em Vagner, que voltou para o combate, Estela foi até Viviane e gritou para a mãe dela:
- Débora, me desculpe mas eu tenho que trazer a Viviane para a realidade!
A mãe de Viviane viu a filha abatida e fez sinal de positivo para Estela antes de sacar o facão e ir para o corpo-a-planta.
Estela agarrou Viviane pela gola da camisa a levantando, grudou o rosto no da garota e gritou:
- Acorda, precisamos de você!!! Tem gente morrendo e sendo mutilada!!!!!!
Porém, a garota permanecia largada como uma boneca. Então Estela começou a estapear o rosto de Viviane gritando para ela acordar.
Então, após levar mais de vinte tapas, Viviane se desvencilhou chorando e colocando as mãos sobre as bochechas inchadas. Estela voltou a gritar:
- Seu corpo não serve só pra dar pros garotos!!! Seja mulher e faça algo!!! De quem você tem mais medo, dessas criaturas ou de mim?!
- De você… – Disse Viviane parecendo uma criança assustada com uma voz quase inaudível.
- Então se mexe!!! – Gritou Estela.
Viviane olhou para a direita e viu os outros indo para cima das plantas. Olhou para baixo e viu o corpo de Tibúrcio, olhou para a esquerda e viu uma caixa com granadas ao lado de uma de dinamites. Então pegou uma granada em cada uma das mãos, arrancou o pino de uma com a boca, saiu correndo na direção das plantas e jogou a granada na boca de uma planta que estava prestes a atirar.
A planta explodiu, levando consigo as plantas que estavam adjacentes a ela. Viviane arremessou a outra granada, após tirar o pino, e mais uma planta que estava prestes a disparar explodiu levando outras consigo.