Home - novels - 000 - Prólogo

Compartilhe:

Categoria

000 - Prólogo

08/04/2024
Por Danilo Sanches Ferrari

Era fim de fevereiro, uma noite quente de sábado, recheada por protestos contra a falta d’agua no estado.

Um carro preto se movia lentamente entre as ruas de um bairro residencial, em direção a uma agência bancária. Dentro do carro haviam três homens. Um homem careca, moreno e musculoso estava dirigindo. No banco do passageiro havia outro, branco, magro, bem apessoado, jeito de gerente de banco. No banco de trás estava um rapaz de aproximadamente 16 anos, negro, um tanto magro, com o cabelo cortado ao estilo do exército. Ele estava com os olhos avermelhados.

O jovem olhava para os dois nos bancos da frente e não se sentia confiante. Ele era o novato. Ele é quem deveria estar tremendo, não aqueles dois. Ele tomou coragem e falou para os homens, “Vocês estão bem?”.

- Sim, Rato, fica de boa. – Falou o homem que estava no banco do passageiro.

O outro homem tirou uma das mãos do volante e fez sinal de positivo para o rapaz.

Então eles chegaram na frente de uma agência do banco Sr Andreas. Rapidamente, os três desceram do carro, foram até um dos caixas eletrônicos, ligaram alguns fios a algumas bananas de dinamite, prenderam ao caixa e se afastaram. O homem careca estava com um controle na mão. Ele fez sinal para os companheiros, todos taparam os ouvidos e bum! Estilhaços voaram para todos os lados enquanto o alarme começava a soar.

De dentro da agência apareceu apenas um segurança munido de um 38, que logo voltou para dentro ao ver os três portando fuzis.

Eles tiveram que forçar a porta do cofre e encheram um saco com bolos de dinheiro. Em dois minutos eles já estavam no carro saindo acelerados das proximidades do local. O motorista gritou:

- Valeu cambada! Protesta aí, e a gente rouba aqui!

Os outros dois aplaudiram. O mais jovem pegou uma nota de cem reais e começou a cheirar. Ele chegou a pensar que aquela nota estava cheia de farinha, pois estava vendo um clarão parecido com chamas atingir o para-brisa do carro. A realidade veio até ele afiada, trazida pelos estilhaços do vidro, que voaram para trás.

O motorista perdeu o controle e bateu em um poste. Os três saíram do carro, mas Rato reparou que os amigos pareciam estar com os olhos machucados. Então, o careca foi atingido no peito por uma bola de fogo e caiu, batendo a cabeça no chão. O rapaz boa pinta tinha uma esfera de água envolvendo toda a cabeça, impedindo que ele respirasse.

Rato se virou desesperado para fugir, mas deu de cara com uma mulher de cabelos loiros, trajando uma roupa toda amarela. Ela estendeu a palma de sua mão direita, envolta por uma luva branca, diante do rosto do rapaz, que sentiu o ar ser sugado para fora dos pulmões. Quanto mais ar saía, mais escuro ficava, até que a noite se tornou breu e ele não sentiu mais nada.

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

©TrêsQuartosCego 2024. Todos os direitos reservados
crossmenu