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002 - A Namorada Do Vovô

15/04/2024
Por Danilo Sanches Ferrari

Stefani estava descoberta na cama, sua barriga subindo e descendo conforme ela respirava.

Então o despertador tocou. Ela o fez parar e pegou o celular para olhar as horas.

Se levantou com calma, pegou as roupas da escola e foi para o banheiro tomar um rápido banho para tirar o suor do corpo.

Ela ainda estava brava com o avô. Sabia que não era uma garota de curvas, mas não precisava que o avô lhe tacasse isso na cara; ela também não era uma tábua. Ela já tinha ouvido varias recomendações para deixar o cabelo crescer, pois disfarçaria suas poucas medidas. Porém, o que sempre ficou melhor nela foi seu cabelo.

Ele tinha uma tonalidade verde azulada e mal chegava até os ombros.

Já com a mochila na mão, foi até a cozinha, beijou a mãe e perguntou:

- Cadê o papai? Ele não vai me levar para a escola?

- Ligaram para ele ir mais cedo. Um cliente teve um problema com um dos produtos. – Falou a mãe enquanto colocava o leite na mesa.

- Sorte que acordei um pouco mais cedo. Mas ônibus… A essa hora… Vai tá lotado. – Lamentou a garota.

- Seu pai é o que menos gosta que você ande em ônibus lotado, mas hoje não teve jeito. – Falou a mãe se sentando.

A mãe da garota olhou a xícara e suspirou dizendo:

Seu avô vai trazer a namorada para almoçar…

Stefani viu o descontentamento da mãe. Afinal,

o pai havia traído a mãe com outra, e agora iria apresentar uma namorada:

- Calma, mãe… Quem sabe essa senhora é legal e põe o vô na linha.

Elas tomaram o café da manha juntas e, em seguida, Stefani saiu para não correr o risco de perder o ônibus. Da casa até o ponto foram dois minutos, e mais dois de espera.

Ela entrou, passou o cartão na catraca e foi para a parte de trás tentar encontrar um lugar menos ruim. Mas, como ela esperava, o ônibus estava cheio. Ela estava de pé segurando em uma das barras superiores da condução quando, no ponto seguinte ao em que ela entrou, subiu pela porta de trás um senhor meio desarrumado, que se colocou atrás dela.

Quando o veículo começou a andar, ela sentiu o velho a encoxando. Ela empurrou a bunda para trás, na tentativa de afastá-lo, mas ele não se afastou e colocou a mão que não estava usando para se segurar na cintura da garota. Ele abaixou a cabeça e ela conseguia sentir a respiração dele na nuca. Virou o rosto para tentar ver quem era, mas só sentiu cheiro de pinga, pois não tinha como virar mais.

Então o ônibus parou mais uma vez e alguém se pôs à força entre o velho e Stefani. A garota escutou uma voz de mulher falar para o homem deixar a garota em paz. Stefani percebe que a voz vinha da pessoa atrás dela, pois em uma curva acabou indo para trás e sentiu seios baterem nas costas.

Dois pontos depois Stefani se virou para poder descer no próximo, e pôde ver a mulher que a tinha ajudado. Uma mulher bonita, alta, mais ou menos 1,90m, belos cabelos pretos passando um pouco dos ombros e tinha o que o homem queria - uma bunda bem grande.

A mulher também se preparou para descer, mas antes deu um cartão de vistas para o velho.

Stefani desceu e esperou para agradecer a mulher, que quando desceu chamou mais a atenção da garota, porque era alta e não estava usando salto.

A mulher tomou a mesma direção que Stefani tomaria para ir a escola. A garota se aproximou dela e agradeceu. A mulher olhou para ela, e respondeu:

- Não esperava que você viesse me agradecer.

Não podia deixar de agradecer, sei lá o que aquele cara queria. – Falou Stefani.

As duas começaram a caminhar juntas, então a mulher perguntou se a garota ia para a escola, e ela respondeu que iria.

Então Stefani perguntou o que era aquele cartão que ela havia dado para o senhor. A mulher tirou um cartão de um bolço na saia e entregou a Stefani, que leu “Penélope, acompanhante, ligue para consultar”.

Stefani ficou um tempo olhando para o cartão e perguntou:

Você é acompanhante! Puxa que legal, é difícil ver gente que gosta de cuidar de idosos!

A mulher riu, e olhando para a garota perguntou se ela realmente não sabia o que significava acompanhante. Stefani respondeu que não, então a mulher disse que Penélope era seu nome de guerra. A mulher viu uma interrogação sincera no rosto da garota e falou que era uma garota de programa.

Alguns segundos de silencio até que Stefani dissesse:

- Caramba, me ajudou e arranjou um cliente! Sério!

A mulher riu, pois não viu reprovação no olhar da garota, e perguntou:

- Você não vai me criticar?

- Por que? – Quis saber a garota.

- Por ser… Pelo meu trabalho. – Sugeriu a mulher.

- Bom, é meio estranho conhecer uma garota de programa mas, sei lá, você parece legal, não seria certo te criticar. – Falou Stefani.

A mulher sorriu e falou que o verdadeiro nome dela era Pâmela. Stefani também se apresentou.

A garota pegou o celular, abriu uma foto e mostrou para Pâmela, perguntando se ela conhecia o homem que aparecia na imagem. Ela respondeu que não, e quis saber quem era.

Stefani falou que era o pai.

As duas seguiram falando sobre assuntos aleatórios, então uma esquina antes da calçada da escola, Pâmela avisou que iria por ali.

Stefani lhe desejou um bom trabalho e a mulher disse que hoje não iria trabalhar.

Na escola, Stefani só ouvia falar da água mágica do assaltante da TV. Pessoas cantavam, tiravam o sarro, e até perguntavam para um viciado da escola se ele já tinha visto a água magica.

Stefani sentiu um cutucão nas costas e se virou para ver uma garota loira com cabelos compridos até metade das costas, olhos verdes, bronzeada do sol, seios chamativos e cintura mais fina que a maioria das garotas, que também aparentava estar mais magra do que deveria:

- Viviane, e aí?! – Perguntou Stefani.

Como assim, e aí? Pô, eu voltei de férias mais gata do que já era, tô morenaça, e você só me pergunta e aí! Você teve umas férias de merda, pelo jeito! – Reclamou Viviane em alto e bom som.

Todos ficaram olhando, para ver se sairia briga. Stefani suspirou e disse calmamente que a amiga estava sendo uma arrogante narcisista.

Viviane se sentiu ofendida e reclamou:

- Arrogante! Eu sou autoconfiante!

Stefani suspirou e ambas entraram na escola para as aulas, que correram bastante agitadas, pois todos queriam colocar as férias em dia.

No horário da saída, Stefani pegou o celular e viu um recado da mãe avisando que o avô iria busca-la na escola. Quando ela saiu do portão logo avistou o carro do avô. Viu uma mulher ao telefone no banco do passageiro, mas não pôde reparar bem na aparência por causa do reflexo do sol no para-brisa do carro.

Quando ela foi entrando na porta de trás, a mulher desligou o celular e o avô apresentou:

- Stefani, essa é minha namorada Pâmela!

Stefani e Pâmela se olharam e deram um gritinho de susto, ao se reconhecerem.

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